Da Tradição à Experiência: Hannah Arendt e os Enigmas do Presente na Educação em Direitos Humanos

Resumo

A queda dos grandes paradigmas nasce do “choque da realidade” (“espanto” diante do horror indescritível — e não da beleza — que marca a experiência contemporânea). A ação que produz a guerra, o terror e o horror, assim como outras formas de despossessão da vida, embora pareça insensata, exige de nós explicações, mais ou menos plausíveis, por meio da revisão de nossa própria tradição filosófica e política. Por essa razão, é necessário equipar-nos e preparar-nos, conceitual e metodologicamente, para revisar nossos conceitos e significados. Naturalmente, assumir essa tarefa requer um exercício de pensamento coletivo que rejeite a velha hostilidade do filósofo e do jurista em relação ao concreto, enfrentando decididamente os “enigmas da experiência presente”. Não é por acaso que Hannah Arendt (assim como Weil, Benjamin, Adorno, Horkheimer, Marcuse, Neumann e Foucault) nos arrancam do reino da abstração e nos lançam aos avatares da realidade e de suas situações-limite. Este artigo propõe, portanto, um chamado a novas formas de reflexão e de orientação política sobre o presente, bem como uma proposta para pensar e fazer filosofia dos direitos humanos, particularmente em contextos de violência e desqualificação da vida.